quinta-feira, 2 de junho de 2011

Um destaque em Sergipe !!!

 Aí estou ao lado de uma magnífica poeta que tem suas obras com características do romantismo da segunda geração, digo Poeta pois a própria Maria Cristina Gama dizia que o feminino de poeta (poetisa) meio que inferiorizava a mulher na carreira.
uma de muitas grandiosas citações:
                 "  O amanhã é hóspede do nunca "
                                                      Maria Cristina Gama de Figueiredo

Resumo da vida e obra


 Quando se fala em romantismo o autor que vem primeiro em mente é o esplêndido Álvares de Azevedo, embora não tenha sido ele o introdutor dessa escola literária aqui no Brasil. Bem, irei agora tentar resumir essa grande obra que foi a vida de Manuel Antônio Álvares de Azevedo.   Álvares foi um magnífico representante da segunda geração do romantismo (também conhecida como ultra-romântica, mal do século e byroniana) ,além de grande escritor foi também, contista, dramaturgo, poeta e ensaísta, em suas obras predominam os sentimentos caracterizados como “trash” são eles o pessimismo, o tédio e a melancolia. Também encontramos o senso de mistério, o escapismo (um modo de se esquivar da vida real e ir para o mundo imaginário), idealização da mulher (sempre oscilando, ora comparada com a ingenuidade, pureza e a inocência de um anjo, ora comparada a vulgaridade, sensualidade e luxúria de uma prostituta), humor negro e  egocentrismo. Essa geração de Álvares foi fortemente influenciada pelo poeta inglês Lord Byron conhecido pelo seu comportamento extravagante, boêmio e critico, por essa tal influencia que essa geração também é chamada de byroniana. Álvares também recebeu influencias de Musset que foi uma parte adocicada de Byron. As obras de Álvares foram publicadas postumamente, além de poesias ele escreveu contos (A noite na taverna), romance (livro de Fra Gondicário), teatro (Macário), ele também escreveu algumas cartas e ensaios e traduziu para o português o poema Parisina,de Lord Byron, e o quinto de Otelo, de William Shakespeare. Teve como principal obra as suas poesias que estão juntas em um livro: Lira dos vinte anos. Essa obra foi dividida em três partes. A primeira parte sonhadora e extremamente sentimental, com o seu tema amor e morte (muito desejada e ao mesmo tempo temida, como explicita na obra), a face Ariel. A segunda parte apresenta um romantismo irônico e sarcástico, mas ainda sim tratando do tema amor e morte só que agora um toque de obscuridade, a face Caliban. E por fim, a terceira parte, incompleta, da obra é uma continuidade da poesia sonhadora e sentimentalista da primeira.
                                                                                                         Karolinne Palacin.



Crítica produzida por Cilaine, publicada por Paulo Martins


     Cilaine indica que o procedimento poético-elocutivo que permitirá ao poeta romântico tornar-se o próprio crítico de sua obra, será a ironia que, simultaneamente, é a auto-eliminação da subjetividade, soterrando o sentimentalismo exacerbado e, é, também, a mediadora da anulação da forma poética, explicitando um momento objetivo, ou seja, a ironia da forma, conforme bem expressou Walter Benjamin. O quarto elemento, levantado n’O Belo e o Disforme revê “o maior caso de byronismo explícito das letras brasileiras”, isto é, dentro do trabalho de processamento e de delimitação do código poético alvaresino, é trabalhada uma acurada análise daquilo que, acertadamente, a crítica tradicional já observara na obra de Álvares de Azevedo: o byronismo. Contudo, jamais de maneira historicizada. É oferecida, portanto, uma contribuição de inscrição histórica desse “movimento” de letras, socialmente observado. Destaca a importância de certas sociedades e revistas cujo ideário indicava “a adoção da ‘filosofia’ byroniana, do estilo de vida boêmio, além da crítica, através do gênero ‘bestialógico’, aos falsos poetas”. Esse aspecto do código poético sintetiza a binomia explícita da obra uma vez que o sujeito da enunciação observa “a inapreensibilidade de esferas cósmicas e de que a ciência não é capaz de explicar os mistérios da vida”. Diante da impossibilidade do mundo, revitaliza, pois, certos estereótipos avessos à vida mundana “normal”. A autora prova que a esse procedimento, absolutamente, programático, na obra de Azevedo, corresponde a sublimidade sentimentalmente idealizada da donzela pura, o lírio branco, como contrapartida da binomia que busca o infinito. Na terceira e última parte do livro, Cilaine Alves opera a estilística alveresina, tanto naquilo que há de dualidade (chamou Álvares de binomia), porquanto é resultado dessa expressão, quanto naquilo que há de fusão desse processo, uma vez que a obra resulta una. O estilo, portanto, encerra um sistema proposto, recuperando em forma poética a binomia estilística e, conseqüentemente, uma fusão de elementos que busca o ideal. Para assentar a duplicidade imposta pelo conteúdo, o autor d’O conde Lopo propõe, segundo Cilaine, a operação de dois estilos, ora o baixo e vezo que dá conta da bestialidade byrônica, ora o alto e sublime que recupera o conteúdo de sentimentalismo exacerbado.

Crítica publicada por Paulo Martins, produzida por Candido.


   Manoel Antônio Álvares de Azevedo, nas palavras de Antonio Candido na Formação da Literatura Brasileira, é, dentre os poetas românticos, aquele “que não podemos apreciar moderadamente: ou nos apegamos à sua obra, passando por sobre defeitos e limitações que a deformam, ou a rejeitamos com veemência, rejeitando a magia que dela emana. Talvez por ter sido um caso de notável possibilidade artística sem a correspondente oportunidade ou capacidade de realização, temos de nos identificar ao seu espírito para aceitar o que escreveu”.A afirmativa de Candido, de certa forma, pode ser considerada a síntese de parte da crítica literária brasileira que leu os poetas românticos e, especificamente, Álvares de Azevedo sob o recorte da uma psicoestilística. Transfere essa crítica aspectos psicológicos do autor, ou melhor, do sujeito da enunciação poética para caracterizar a produção. Assim observada, esta poesia se impregna de conceitos psicológicos que poderiam ou não ser atribuídos ao autor. Logo, temos ao percorrer nossos mestres, a impressão que a leitura dos textos românticos antes de tudo deve observar os aspectos pessoais de afinidade e de empatia, não devendo ser norteada por uma “Paidéia” que está na base do estudo da crítica que se preocupa com produção do texto. Sob aquele aspecto, ecoam algumas proposições como: Álvares de Azevedo foi “um homem de imaginação doentia”. Destarte, ele foi (in) devidamente “etiquetado” de devasso, depravado, incestuoso, angelical, homossexual, casto, ingênuo, etc.
Em rodapé do prefácio ao livro, João Hansen propõe, observando Mário de Andrade, falando de Maneco de Azevedo: “Fazer psicanálise de supostos sintomas de supostas neuroses de personagens é só verossímil, porque metaforização de discursos psicanalíticos tidos como ‘verdadeiros’ quando aplicados a sujeitos históricos empíricos. Seres de papel são puramente funcionais, não são passíveis de juízos de existência, desconhecem o real desejo etc.” Poderíamos atribuir tal imprecisão técnica da crítica brasileira à suposição de que, por ser um momento de ruptura inquestionável, o romantismo, ao contrário de momentos anteriores ao século XIX, carece de preceptivas que instaurem procedimento, e, nesse sentido, o que se pode dizer acerca dessa produção, está limitado aos sentimentos pessoais, ao prazer do gosto e ao gênio poético, elementos subjetivos que desconsideram a prática poética no seu sentido original, primevo. Afinal, o poeîn, mesmo para os românticos, não havia morrido, como, seguramente, para nós, pós-românticos, ou melhor, pós - tudo não morreu.
Contudo, o romântico efetiva-se como poética pela substituição de uma retórica clássica (greco-latina), que prevê uma elocução subjetivada, onde há espaço programático para o discurso personalizado, genericamente tomado, pela prática que entende a forma como “reflexão da própria essência”, “auto-reflexão infinita”, logo uma retórica que é essencialmente subjetivação da elocução. Este projeto passa, por conseguinte, pela invisibilidade do artifício. A crítica entendeu, portanto, este deslocamento retórico como rejeição de projeto retórico, instituindo a negatividade do procedimento como mera ausência de protocolo regularizador da ordem poética, e, conseqüentemente, atribui à obra de Álvares de Azevedo inépcia em certos momentos. Em suma, entendeu, equivocadamente, certa crítica “romântica” os próprios românticos.
Observe-se ainda Candido ao falar da “poesia” de Álvares: “mistura a ternura casimiriana e nítidos traços de perversidade; desejo de afirmar e submisso temor de menino amedrontado; rebeldia de sentidos, que leva duma parte à extrema idealização da mulher e, de outra, à lubricidade que a degrada”. Dessa forma, a crítica literária até hoje muito nos apontou muito sobre suas “psicopatologias” e pouco nos ajudou na leitura, tendo em vista os aspectos estéticos, que devem, mormente para a produção do século do mal, ser analisados com muito vagar. Os desacertos de leitura da obra de Álvares de Azevedo, segundo a pesquisadora, tendo em vista o código poético do autor, se verificam pela inobservância de quatro características basilares da “Paidéia” romântica que circunscrevem a poética da sublimidade, típica do romantismo: um sistema dual, a ascese anímica, a infinitude do texto e o matiz byroniano.
Observa o autor que a poesia de Álvares de Azevedo subdivide-se em dois momentos. Um primeiro que visa a “dissolver as contradições da cultura procurando unificar a alma num reino transcendental, cantando a fé e a esperança numa civilização ideal”. E um segundo que efetiva um rompimento com o mundo de cultura a partir de uma “adoção de valores e formas de vida condenados pela moralidade vigente”, instaurando consciência lírica céptica que refuta a imortalidade da alma. Estes dois momentos, quando sobrepostos no terreno da criação poética, correspondem a códigos poéticos próprios. Nesse sentido, quando as poesias visam à transcendência, apresentam metáforas vagas e indefinidas que retratam certa espiritualidade e, quando expressam a vida marginal, observam um código de insatisfação que dialoga com os rumos da cultura, mediante a exploração da vida material e sensível.
Essa desigualdade binômia caracteriza proposta romântica de entender a poesia como tarefa progressiva ou infinita que objetiva a aproximação entre o mundo divino e o mundo terreno, mediada pelo eu artístico, singular e genial.

Crítica da obra por PASSEIWEB.




     Álvares de Azevedo é um dos vultos exponenciais do Romantismo. Embora tenha morrido aos vinte anos, produziu uma obra poética de alto nível.
A obra é fruto dos dramas de um adolescente que se vê entre desejos e frustrações, vontades e decepções constantes, o que corporifica as tendências psíquicas de uma geração já que o Romantismo pode ser considerado um movimento de adolescência, isto é, marca-se pela ambigüidade de uma vida ao mesmo tempo frágil e poderosa. Incompreendido na morbidez e na valorização de aspectos decadentes (melancolia, tédio, pessimismo, vício) Álvares de Azevedo se encontrou cansado precocemente da vida e sentia um desejo de fuga que concretizou através de sua poesia que, embora marcada pela introspecção e individualismo, relata as correntes obscuras de seus desencantos e receios.Já na Epígrafe de Bocage percebe-se a intuição antecipada da sua decadência. Daí, talvez, ter se atirado aos livros como quem tem pouco tempo para entender o que é a vida e adquirir uma lucidez intelectual que o faz se referir a épocas, autores e obras distantes e estranhas à sua realidade. Mergulhado no spleen byraniano e conscientemente baseado na contradição, descrente e derrotado, escreveu na Lira dos Vinte Anos os poemas, mas significativos de sua obra poética.  A metrificação sempre variada, mas imperfeitas, ritmos alucinantes comprovam que a liberdade criativa baseada na emoção, característica do Romantismo, haveria de ser respeitada.  A Lira dos Vinte Anos compõe-se do que há de melhor na produção de Álvares de Azevedo: Idéias Íntimas, Spleen e Charutos, Lembranças de Morrer, Se Eu Morresse Amanhã, É Ela! É Ela! É Ela! É Ela, São alguns dos poemas mais expressivos do Romantismo gótico.

quarta-feira, 1 de junho de 2011

Dramatização: NOITE NA TAVERNA

Dramatização da vida e obra

Crítica acerca da terceira parte da obra: Lira dos vinte anos.

    Embora a terceira parte do livro seja realmente uma continuidade da poesia sonhadora e sentimental da primeira nela encontramos um poema que foi considerado por Antonio Candido “um dos mais fascinantes e bem compostos de Álvares de Azevedo.
    Deixemos que o próprio Antonio Candido nos explique esse poema: À vista de certos traços de auto-erotismo na obra de Álvares de Azevedo, o fato de a espada ser representada na mão do cavaleiro leva a pensar numa fantasia onírica de cunho masturbatório. (...) Esta leitura simbólica é confirmada por outros traços que completam o quadro, porque se ligam ao orgasmo, como “olhos ardentes” (verso 4) “gemidos nos lábios frementes” (verso 5), e quem sabe o fogo metafórico, talvez seminal, que arde no coração e dele transborda (verso 6). (...) Sendo assim, os elementos macabros estariam compondo com estes, de maneira peculiar, o par romântico amor e morte.


Crítica produzida por Machado de Assis acerca da obra de Álvares de Azevedo


    Quando, há cerca de dois ou três meses, tratamos das Vozes da América do sr. Fagundes Varela, aludimos de passagem às obras de outro acadêmico, morto aos vinte anos, o sr. Álvares de Azevedo. Então, referindo os efeitos do mal byrônico que lavrou durante algum tempo na mocidade brasileira, escrevemos isto:
Um poeta houve que apesar da sua extrema originalidade, não de receber esta influência a que aludimos, foi Álvares de Azevedo. Nele, porém, havia uma certa razão de consanguinidade com o poeta inglês, e uma íntima convivência com os poetas do norte da Europa. Era provável que os anos lhe trouxessem uma tal ou qual transformação, de maneira a afirmar-se mais a sua individualidade, e a desenvolver seu robustíssimo talento.
    A essas palavras acrescentávamos que o autor da Lira dos vinte anos exercera uma parte de influência nas imaginações juvenis. Com efeito, se Lord Byron não era então desconhecido às inteligências educadas, se Otaviano e Pinheiro Guimarães já tinham trasladado para o português alguns cantos do autor de Giaour, uma grande parte de poetas, ainda nascentes e por nascer, começaram a conhecer o gênio inglês através das fantasias de Álvares de Azevedo, e apresentaram, não sem desgosto para os que apreciam a sinceridade poética, um triste cepticismo de segunda edição. Cremos que este mal já está atenuado, se não extinto.
    Álvares de Azevedo era realmente um grande talento; só lhe faltou tempo, como disse um dos seus necrólogos. Aquela imaginação vivaz, ambiciosa, inquieta, receberia com o tempo as modificações necessárias; discernindo no seu fundo intelectual aquilo que era próprio de si, e aquilo que era apenas reflexo alheio, impressão da juventude. Álvares de Azevedo, acabaria por afirmar a sua individualidade poética. Era daqueles que o berço vota à imortalidade.    Compara-se a idade com que morreu aos trabalhos que deixou, e ver-se-á que seiva poderosa não existia, naquela organização rara. Tinha os defeitos, as incertezas, os desvios, próprios de um talento novo, que não podia conter-se, nem buscava definir-se. A isto acrescente-se que a íntima convivência de alguns grande poetas da Alemanha e da Inglaterra produziu, como dissemos uma poderosa impressão naquele espírito, aliás tão original. Não tiramos disso nenhuma censura; essa convivência, que não poderia destruir o caráter da sua individualidade poética, ser-lhe-ia de muito proveito, e não pouco contribuiria para a formação definitiva de um talento tão real.
    Cita-se sempre, a propósito do autor da Lira dos vinte anos, o nome de Lord Byron, como para indicar as predileções poéticas de Azevedo. É justo, mas não basta. O poeta fazia uma frequente leitura de Shakespeare, e pode-se afirmar que a cena de Hamlet e Horácio, diante da caveira de Yorick, inspirou-lhe mais de uma página de versos. Amava Shakespeare, e daí vem que nunca perdoou a tosquia que lhe fez Ducis. Em torno desses dois gênios, Shakespeare e Byron, juntavam-se outros, sem esquecer Musset, com quem Azevedo tinha mais de um ponto de contacto. De cada um desses caíram reflexos e raios nas obras de Azevedo. Os Boêmios e O poema de frade, um fragmento acabado, e um borrão, por emendar, explicarão melhor este pensamento.
    Mas esta predileção, por mais definida que seja, não traçava para ele um limite literário, o que nos confirma na certeza de que, alguns anos mais, aquela viva imaginação, impressível a todos os contactos, acabaria por definir-se positivamente.
    Nesses arroubos da fantasia, nessas correrias da imaginação, não se revela somente um verdadeiro talento, sentia-se uma verdadeira sensibilidade. A melancolia de Azevedo era sincera. Se excetuarmos as poesias e os poemas humorísticos, o autor da Lira dos vinte anos raras vezes escreve uma página que não denuncie a inspiração melancólica, uma saudade indefinida, uma vaga aspiração. Os elos versos que deixou impressionam profundamente, “Virgem morta”, “À minha mãe”, “Saudades” são completas neste gênero. Qualquer que fosse a situação daquele espírito, não há dúvida nenhuma que a expressão desses versos é sincera e real. O pressentimento da morte, que Azevedo exprimiu em uma poesia extremamente popularizada, aparecia de quando em quando em todos os seus cantos, como um eco interior, menos um desejo que uma profecia. Que poesia e que sentimento nessas melancólicas estrofes!
Não é difícil ver que o tom dominante de uma grande parte dos versos ligava-se a circunstâncias de que ela conhecia a vida pelos livros que mais apreciava. Ambicionava uma existência poética, inteiramente conforme à índole dos seus poetas queridos. Este afã dolorido, expressão dele, completava-se com esse pressentimento de morte próxima, e enublava-lhe o espírito, para bem da poesia que lhe deve mais de uma elegia comovente.
Como poeta humorístico, Azevedo ocupa um lugar muito distinto. A viveza a originalidade, o chiste, o humor dos versos deste gênero são notáveis. Nos Boêmios, se pusermos de parte o assunto e a forma, acha-se em Azevedo um pouco daquela versificação de Dinis, não na admirável cantata de Dido, mas no precioso poema do Hissope. Azevedo metrificava às vezes mal, tem versos incorretos que havia de emendar sem dúvida; mas em geral tinha verso cheio de harmonia, e naturalidade, muitas vezes numeroso, mutíssimas eloquente.
Ensaiou-se na prosa, e escreveu muito; mas sua prosa não é igual ao seu verso. Era frequentemente difuso e confuso; faltava-lhe precisão e concisão. Tinha os defeitos próprios das estreias, mesmo brilhantes como eram as dele. Procurava abundância e caía no excesso. A ideia lutava-lhe com a pena, e a erudição dominava a reflexão. Mas se não era tão prosador como poeta, pode-se afirmar, pelo que deixou ver e entrever, quando se devia esperar dele, alguns anos mais.
O que deixamos dito de Azevedo podia ser desenvolvido em muitas páginas, mas resume completamente o nosso pensamento. Em tão curta idade, o poeta da Lira dos vinte anos deixou documentos valiosíssimos de um talento robusto e de uma imaginação vigorosa. Avalia-se por aí o que viria a ser quando tivesse desenvolvido todos os seus recursos. Diz-nos ele que sonhava, para o teatro, uma reunião de Shakespeare, Calderon e Eurípedes, como necessária à reforma do gosto da arte. Um consórcio de elementos diversos, revestindo a própria individualidade, tal era a expressão de seu talento.